quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

The DS Chronicles: Chapster III

Mesmo o pensamento implorando para que o corpo se dirigisse ao quarto, com o fim de restabelecer as forças, nada se fez. O intento foi em vão. As poucas luzes que bruxuleavam pela vidraça atraíam-me como se fôssemos dois ímãs voltados para seus pólos diversos.

Não sabia ao certo qual das fraquezas desse medíocre ser me atormentava mais, se era minha incapacidade de evitar olheiras ou minha reação ao encontro anteriormente referido. O mais certo é acreditar que a primeira é consequência da segunda. E como se torna mais fácil falar de fraquezas do que de forças... As últimas, cada vez com mais frequência vemos nas histórias ficcionais, nos cinemas, na literatura e nos causos da gente antiga. As primeiras, ao contrário de suas rivais, surgem nos jornais, nas revistas, nas ruas e em nossas casas. Algo me diz que a pena é um sentimento que os seres humanos gostam de nutrir e se alimentar.

As horas passaram e amarguras e divagações levaram-me à aurora. As luzes das ruas foram dizendo adeus vagarosamente aos primeiros tons alaranjados e azuis que surgiam bocejando um novo dia, que me traria cansaço e muitas alegrias.

Resolvi preparar uma caneca de café, aliá-la a mais alguns aparatos e guloseimas para agraciar minha esposa com o famigerado e romântico café da manhã na cama. Não fosse uma estranha e nefasta surpresa, eu o teria feito mais rapidamente.

Meu celular anunciou, de algum canto da sala, a chegada de uma mensagem. Estranha, pelo horário em que recebi. Nefasta pelo conteúdo. Continha apenas uma palavra, que reverberou pelo corpo, estremecendo cada célula, e pela memória, trazendo aos olhos uma história há muito esquecida.

“Saudades...”