sábado, 20 de junho de 2009

Enfim, versos...

[por expressar algo desprovido de muita vontade, esse post se exime de trecho de música...]

Há uns dias atrás, eu conversava com uma amiga a respeito de poesia. Eu disse que nunca desejaria publicar meus versos e, de repente, surgiram os que se seguem abaixo. Acabo publicando-os para completar a contradição que eu mesmo sou.

Rimas Longe do Vento

Fajuta poesia na folha nua
Aos poucos vai-se delineando
As linhas, de brisa vão se inflando
Em versos de linguagem crua

Versos crus agora deixados no canto
Amassados, pisoteados e esquecidos
Juro que jamais serão lidos
Pois o mundo não merece novo pranto

Basta as lágrimas que já os molharam
Prefiro que cesse a tinta gasta
Por isso digo alto que já basta
Foram suficientes os olhos que aqui derribaram

Ficarão ali, esquecidos também de mim
Jamais terão versão impressa
Mesmo que a mais bela moça peça
Aqui chegam eles ao seu fim

Filhos de uma literatura de gaveta
Jamais sentirão o fresco ar puro
E isso, até a minha morte asseguro
Levá-los-ei comigo à beira da mureta

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Do divino ao profano...

[Mas eu não vou fugir, eu não vou deixar tudo assim... (Charme Chulo)]

Cá estou eu em minha habitual mesa de bar. As bolhinhas de ar que subiam ao topo do copo rememoravam os minutos anteriores. Os quatro velhos que jogavam truco duas mesas atrás quase passaram despercebidos, não fosse os gritos.
Eu precisava de uma cerveja. O dia merecia uma. Mal de plebeu que trabalha em feriado. Foi apenas uma. Isso confesso. Mas naqueles três copos acompanhados de apenas um cigarro eu esqueci do dia de trabalho e lembrei-me de um rosto. Isso não vem muito ao caso porque esse rosto ora aparece nítido, ora apaga-se lentamente e foge da escuridão dos olhos fechados.
Mais uma tragada e a vontade de escrever impele-me ao último gole. Hora de ir embora. Tomo meu rumo com um vento gélido a bater em meu rosto. Não mais gélido que a cerveja que há pouco tomava. O frio do corpo deu lugar ao frio da cerveja e o calor do álcool naquele momento. Mistura que beirou a perfeição.
Fui em meu rumo, ouvindo um rock qualquer. Os devaneios eram tantos que a música pouco importava. O caminho era rodeado de lojas de vitrines estúpidas e seus apelos, algumas barraquinhas de lanche e nenhum bar aberto. Pensei que deveria ter ficado naquele bar dos velhos truqueiros. Mas ele já estava fechando.
Não sei como, mas achei um bar aberto. E é daqui que vos falo agora. Peço perdão pelo ar que envolve essa descrição. De uns tempos para cá tenho meus momentos de escritor romancista do século XIX. Noite, bebidas, cigarros, escritos. O que geralmente escrevo nessas ocasiões não é digno de menção, pois são uns pobres versos. Tão pobres que não tenho coragem de mostrá-los ao mundo. Escrevo-os e deixo-os guardados apenas para mim. Gosto de, tempos depois, vê-los e lembrar-me do exato momento em que os escrevi.
Mas hoje não os escrevo, vou em ritmo de prosa que mais me agrada. Apenas vou. Com um destino incerto, contanto que lá exista um bar. Onde eu possa sentar-me, beber uma cerveja, fumar alguns cigarros e rabiscar alguns pobres versos. E depois lembrá-los, assim como agora lembro de coisas que vêm a mim através do topo desse copo, depois que as bolhinhas estouram.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

E este foi nosso fim...

[Tonight I gonna rest my chemistry... (Interpol)]

Eu, uma garrafa de cerveja, uma dose de vodka, meu maço de cigarros. O que será que se pode esperar desse encontro? Com papel e caneta por perto escrevi alguns versos. Havia a minha presença e a de muitos mais. Mas isso não importava. Lembrei-me do namoro que acabou há poucos dias. Eu não tinha o direito de fazê-la sofrer. É uma alma boa demais para ser corrompida com sofrimento demasiado. Terminei o namoro para não causar infindáveis lágrimas posteriormente.
A falta de sentimento assim me fez proceder. Eu não tinha o direito de enganá-la. Seguirei minha vida, se assim me permitirem. Neste momento, apenas quero que me deixem ficar tranquilo com meus destilados e cigarros.