terça-feira, 28 de abril de 2009

Porque ainda existe bondade...

[It is still pretty what with all these leaks, we'll be fine. Well if it's still pretty what with all these leaks we'll be fine... (Interpol)]


Ia eu com minhas atribulações, problemas e aflições a caminhar pela rua. Ontem tive de acordar mais cedo que o usual. Pagar algumas contas pendentes antes do horário do trabalho, porque depois eu não teria tempo disponível. Ia eu pela rua, com a cabeça à mil. Muitas contas a pagar, pouco dinheiro a receber. Um déficit pouco desejável no momento. Mas as contas tinham de ser pagas, e com urgência, pois eu deveria rumar para meu trabalho logo após isso e não deveria chegar atrasado.
Ia eu caminhando com meus pensamentos longínquos, os olhos a fitar o chão. Estava eu em um daqueles momentos egoístas em que o mundo se torna antropocêntrico. E esse centro era eu. Eu e minhas dívidas. Eu e minhas pernas com seus passos rápidos.
Eis que veio a parte interessante de meu dia e que me fez refletir por muito. Eu passava por uma loja em que se consertam aparelhos eletrônicos. Televisões, aparelhos de rádio, toda a parafernália desse gênero. Na frente da loja havia um rapaz preocupado, ele me olhou e me pediu ajuda.
Ele havia deixado para conserto uma televisão 29”. Detalhe a ser ressaltado: é difícil um homem carregar o referido aparelho sozinho e na loja, havia apenas duas senhoras que pouco dispunham de força. E na minha correria e pressa de pagar meus débitos fui interrompido.

- Com licença amigo, você pode me ajudar por um instante?

Confesso, com um pouco de vergonha, que olhei para o relógio e pensei em seguir em frente, mas parei.

- Pois não?

- Preciso de ajuda para carregar uma televisão da loja até o carro.

- Tudo bem.

Ainda relutante, ajudei-o. Entramos na loja, pegamos o televisor e o colocamos no carro do desconhecido. Minha surpresa foi uma atitude minha após uma pergunta do homem. Não sou o mínimo hipócrita ao descrever aqui o que fiz, porque nem mesmo eu entendo o porquê dessa atitude.

- Amigo, quanto lhe devo pela ajuda?

- Nada.

O homem fez um gesto de que iria pegar sua carteira.

- Não precisa.

- Obrigado. Que Deus lhe ajude.

Virei minhas costas e segui para os débitos. Perdi alguns minutos e deixei de ganhar alguns trocados, mas a minha satisfação não poderia ter sido paga por eles. Seria muito mais fácil eu dizer um preço e transformar uma boa ação em trabalho. Não sei a causa de não ter feito isso, mas me senti bem por ter feito.
Quantas vezes viramos as costas sem ajudar? Talvez este texto ficasse melhor no Zeh Reitera, mas aqui o coloquei. E digo: são nessas pequenas atitudes que podemos ver que ainda há bondade nesse mundo insano coberto por ganância, ódio e destruição.

Não sei, apenas sei que fiz...

sábado, 25 de abril de 2009

Espelho vespertino...

[ Can you hear the words I'm trying to find, for the feelings that define you?... (Idlewild)]


Aproximei-me da janela da lavanderia. Eu tinha acabado de lavar algumas camisetas e já estavam todas penduradas. Olhei para o cinzeiro que estava no parapeito, do lado esquerdo, e acabei por apanhá-lo. E vem a clássica cena, mão no bolso, isqueiro, maço de cigarros. Mas que cigarros? Lembrei-me que esqueci de comprar. Após sair de mais um dia atribulado no emprego a cabeça estava tão confusa que mal o caminho de casa sabia encontrar.
Chego em casa e, já descalço, vou até o quarto buscar algum cd. A música é terapia nessas horas. E como ajuda... Esqueço do chefe, do dia, das pessoas que corriam ao redor de meus olhos, das palavras que açoitavam meus ouvidos incessantemente. Apenas me lembro da paz. Paz, por mais breve que seja, sinto agora frente a essa vista da janela da lavanderia.
Interessante ser um dos menores cômodos da casa justamente o que me traz mais alento. Na maior parte das vezes, faço do cigarro um aliado da vista. Mas hoje está desfeita a companhia. E a bela dama desfila perante mim, sozinha, nesse fim de tarde ainda ensolarado. Há poucas horas completaram-se dois dias sem o malefício. E que faço eu agora?
Resta-me por as mãos nos bolsos, em um deles terá um isqueiro para contar histórias. E calmamente, lembrar de alguns acontecimentos. Os quais ainda não consigo tirar de minha cabeça. A reviram, torturam e felicitam num jogo sádico que acaba por refletir-se em um sorriso meu. Sorriso fruto de alegria. Sorriso sem palavras, elas ainda me faltam...

domingo, 19 de abril de 2009

E eis que depois que o sol se põe...

[ All I've ever wanted, all I've ever needed, it's here im my arms. Words are very unnecessary... (Depeche Mode)]

Fez –se de algum tempo para cá em mim um certo tipo de especialidade em noites sabatinas despretensiosas. Não sei em que tempo de minha curta vida a típica noite de sábado perdeu muito de seu brilho. Na euforia da pré-adolescência ela significava quase tudo, era uma vida nova que se abria em um horizonte depois do pôr-do-sol. Mas o tempo passa, e daquele garoto pouco se vê e se ouve hoje. O tempo passou, mas a musa inexaurível ainda o chamava de vez em quando.
Embora as noites sabatinas tenham perdido seu antigo significado, ainda muito valem, não apenas por ser sábado, mas por ser noite.
E a noite muito me atrai. A visão, menos usada, fortalece outros sentidos, a audição permite ouvir palavras que os ouvidos não ouvem, as sensações são mais intensas, os perfumes são mais doces. Conforme disse em um capítulo an(in)terior, é na noite que penso e reflito. Um brinde à noite!!!
Em especial às noites sabatinas despretensiosas. Eu nada iria fazer. Ao menos nada digno de menção ou importância. Mas são nessas horas que nosso silencio é interrompido pelos amigos. Um convite. Um sim. Um local. Palavras.
Conversas um tanto infundadas, nas quais eu mal sabia o início e a próxima frase a ser dita. As horas passavam lentamente porque os minutos não duravam apenas 60 segundos. Era tudo tão calmo e tão tranquilo e tão bom. Até esse momento eu teria motivos de sobra para aqui deixar um escrito embasado em alegria e banhado em felicidade.



Do silêncio, surge um novo rosto. E a noite ganha outro sentido, mais um para sua infinita somatória.
Um olhar. Um beijo. E tudo se fez nada menos que real...
Futuramente poderei dar alguns detalhes mais minuciosos. Infelizmente, agora não posso. Depois daquele beijo, as palavras se tornaram um tanto desnecessárias.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Prêmios advindos de Messy...

Regras:

1. Reencaminhar este prêmio a 10 blogs
2. Exibir a imagem do prémio
3. Postar o link do blogue que premiou
4. Avisar os premiados
5. Publicar as regras




Regras:

1. Exibir a imagem do prêmio
2. Postar o link do blog que o premiou
3. Indicar 10 blogs para fazerem parte do "Manifesto Jovens que Pensam"
4. Avisar os indicados
5. Publicar as regras


Agradeço à Messy pelos presentes a este humilde blog.
Quanto às regras... Imagens exibidas, link postado, regras publicadas, mas é aí que reside o problema... Fica difícil escolher um determinado número de blogs a serem premiados, portanto indico todos que acompanho e, por falta de tempo, não posso avisá-los...
Portanto deixo aqui minha indicação e um abraço a todos...







segunda-feira, 13 de abril de 2009

Saudações às 8 da noite...

[ I got lost in a blink of an eye and I can never get back, no I've never got back... (Yellowcard)]

Como de costume lá estava eu, encostando a um canto. Os fones de ouvido faziam Shinedown ecoar em minha cabeça. Não sei se era a música apropriada, pois não era um momento memorável. Ainda não detinha uma grande lembrança. Talvez os ecos do rock combinassem com o cigarro que a mão esquerda segurava. A música ia tocando na velocidade inversa da brasa do cigarro. Infelizmente essa é uma fera que tenho de alimentar periodicamente. Dos meus poucos dezenove anos, alguns deles tiveram essa triste companhia.
Em muitas vezes isso era bom. Se é que se pode dizer que nisso há algo bom. Cá exponho uma de minhas feridas sem medo de retaliações. Um dos maiores erros que se pode cometer é negar o que é um fato verídico e irrevogável. Mas isso agora pouco é digno de menção. Mal sei a causa de aqui descrever esse mero coadjuvante. O certo é que estava eu recostado no meu canto. Estava no momento do intervalo entre as aulas dessa segunda à noite. Confesso que durante a primeira vacilei, as pálpebras pesaram e perdi alguns minutos de lição. A universidade às vezes também é chata, principalmente quando o cansaço interrompe meu solilóquio.
Cá já dou mais voltas e fujo do assunto que aqui me traz. Agora sim posso retomar a cena e descrevê-la nessas futuras linhas. Havia eu, meus fones de ouvido pulsando descompassados, meu cigarro que já estava quase no fim. Foi quando a música terminou e, repentinamente, Idlewild surge para dar tons mais leves aos pensamentos. O cigarro acaba. Em uma contração de dedos o arremesso para longe, onde ele poderia findar sua momentânea vida em paz. Quando pensei, minhas mãos já estavam no bolso. A vontade já estava saciada, eu não precisava de mais um bastonete de nicotina.
Tirei as mãos do bolso, respirei fundo. Ergui minha fronte, pois até esse momento eu fitava o chão, me concentrando na melodia ouvida, deixando os pensamentos livres, a voar. Foi quando ergui os olhos, e dentre aquelas dezenas de olhares, um foi de encontro ao meu. Minha cabeça girou lentamente. De longe veio um sorriso que cortou o ar como uma flecha e me acertou o ombro. Ficou ali por uns instantes, fazendo alguns comentários até que sua dona se aproximasse um pouco mais.
- Sabia que é feio fumar?

- Sei sim. Infelizmente o que não sei ainda é deixar de fazer isso.

- O que você está ouvindo?

- Desculpe, esqueci de tirar os fones. Me faltou um pouco de educação.

- Tudo bem, desde que seja boa música.

- Creio que sim, ao menos merece ser ouvida. Quer ouvir?

- Não posso, estou atrasada para minha aula. Tenho que ir, até mais.

Cena digna de Hollywood, daquelas em que o rapaz encontra a moça pela primeira vez. Infelizmente as palavras usadas foram indignas da cena. Nessas horas tenho vontade de me esconder, as palavras me fogem como gotas de água por entre os dedos. Mais pareço bobo de uma corte medieval do que orador da antiguidade. Fosse eu descendente de Cícero... Ela virou as costas, ia calmamente quando uma interjeição rompeu nosso silêncio.

- Desculpe, me esqueci de perguntar seu nome.

- Amanhã lhe digo – e se foi, rindo ao vento.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Cartão postal...


[Your voice was the soundtrack of my summer. Do you know you're unlike any other? You'll always be my thunder, and I said: Your eyes are the brightest of all the colors... (Boys Like Girls)]


Meus pés não podem me levar até a sua pousada, meus olhos não conseguem ver nada mais que um vulto ao longe, não estou certo se é o seu. Meus braços não alcançam os seus. Você está distante e ao mesmo tão perto que chego a me confundir por vezes. As únicas armas de que disponho são meus pensamentos, aliados a eles, meus dedos, que os transcrevem para essas poucas linhas. Quem sabe você as leia em uma tarde monótona enquanto estiver trabalhando, naquelas em que o tempo insiste em não passar, em que se olha para o relógio a cada meia-hora e o ponteiro se moveu apenas dois suados degraus. Mas talvez você as leia em casa, depois que chegar cansada de um dia cheio de trabalho e estudos.
Quisera eu poder estar lhe esperando depois desse dia atribulado. É um sonho quase utópico. O máximo que ouso sonhar é tê-la por perto por um determinado tempo. Algo além disso, não sei se me é permitido. Mas esses sonhos por agora pouco me interessam, eu abriria mão deles em um piscar de olhos se em troca eu descobrisse em seu rosto aquele sorriso que me habituei a ver. Confesso, com certo pesar, que até meus dedos ficam atados quando assim a vejo. Tenho vontade pegar a sua mão sem lhe dizer coisa alguma, sair sem destino, parar em uma rua qualquer. Sentar na beirada da calçada se banco não houver ali. Abraçar-te, bem forte, te colocar no meu colo e acariciarei seus cabelos. Depois vou ficar fazendo carinho no seu rosto enquanto ouvimos “O que não se pode explicar aos normais”.
Não direi nada, se for de sua vontade falar algo, expresse-se sem medos que a ouvirei atentamente. E, se por acaso, aquela lágrima que se encontra na esquina dos seus olhos rolar, a enxugarei com um beijo. Ficaríamos à luz do luar, podemos até brincar de contar estrelas. Prometo lhe apresentar a algumas que se tornaram minhas amigas. E eu continuarei a te abraçar.
Poderemos despender a noite toda assim, mas você poderia estar cansada depois daquele dia cheio e eu te deixaria partir, não antes de receber um sorriso. Aí você iria para sua casa e eu para a minha. No caminho eu iria chutando algumas latinhas de refrigerante para combinar com a inocente alegria que eu sentiria. E quando passasse pouco mais da meia-noite eu pegaria o telefone da cabeceira da minha cama e discaria seu número.
- Só quero lhe desejar uma boa noite, durma com os anjos.