quinta-feira, 11 de junho de 2009

Do divino ao profano...

[Mas eu não vou fugir, eu não vou deixar tudo assim... (Charme Chulo)]

Cá estou eu em minha habitual mesa de bar. As bolhinhas de ar que subiam ao topo do copo rememoravam os minutos anteriores. Os quatro velhos que jogavam truco duas mesas atrás quase passaram despercebidos, não fosse os gritos.
Eu precisava de uma cerveja. O dia merecia uma. Mal de plebeu que trabalha em feriado. Foi apenas uma. Isso confesso. Mas naqueles três copos acompanhados de apenas um cigarro eu esqueci do dia de trabalho e lembrei-me de um rosto. Isso não vem muito ao caso porque esse rosto ora aparece nítido, ora apaga-se lentamente e foge da escuridão dos olhos fechados.
Mais uma tragada e a vontade de escrever impele-me ao último gole. Hora de ir embora. Tomo meu rumo com um vento gélido a bater em meu rosto. Não mais gélido que a cerveja que há pouco tomava. O frio do corpo deu lugar ao frio da cerveja e o calor do álcool naquele momento. Mistura que beirou a perfeição.
Fui em meu rumo, ouvindo um rock qualquer. Os devaneios eram tantos que a música pouco importava. O caminho era rodeado de lojas de vitrines estúpidas e seus apelos, algumas barraquinhas de lanche e nenhum bar aberto. Pensei que deveria ter ficado naquele bar dos velhos truqueiros. Mas ele já estava fechando.
Não sei como, mas achei um bar aberto. E é daqui que vos falo agora. Peço perdão pelo ar que envolve essa descrição. De uns tempos para cá tenho meus momentos de escritor romancista do século XIX. Noite, bebidas, cigarros, escritos. O que geralmente escrevo nessas ocasiões não é digno de menção, pois são uns pobres versos. Tão pobres que não tenho coragem de mostrá-los ao mundo. Escrevo-os e deixo-os guardados apenas para mim. Gosto de, tempos depois, vê-los e lembrar-me do exato momento em que os escrevi.
Mas hoje não os escrevo, vou em ritmo de prosa que mais me agrada. Apenas vou. Com um destino incerto, contanto que lá exista um bar. Onde eu possa sentar-me, beber uma cerveja, fumar alguns cigarros e rabiscar alguns pobres versos. E depois lembrá-los, assim como agora lembro de coisas que vêm a mim através do topo desse copo, depois que as bolhinhas estouram.

8 comentários:

Karen disse...

Do divino ao profano... Fico sem palavras ao ler seus posts, viu. Mas eu leio, todinhos =D

messy disse...

eu tb estou mesmo a precisar de uma cerveja e um cigarro depois de fazer o jantar ;) ;)

do divino ao profano está profanamente divinal! :)

beijinho do outro lado do oceano*

Ju. disse...

Pelo seu post anterior, diria ou melhor questionaria: "você matou alguém?"

Em resposta ao seu comentário (há séculos), deve ser mesmo muito engraçado tantas gírias de tantos lugares diferemtes faladas por um paranaense.. rs, mas também tenho essa 'mania' de pegar gírias e coisas do tipo típicos de outros sotaques. rs

E você escreve incrivelmente rebuscado, parece que tô lendo "o cortiço" HAHAHA*

Gaspar Ferreira disse...

Karen, obrigado pelas constantes visitas e por ler estes humildes escritos, tbm te acompanho sempre que posso...

Messy, cá está alguém que eu desejaria demais dividir uma cerveja, pena que estás a águas de distância..

:D...

Juuh, assassinei um relacionamento, esse foi meu crime...

Quem dera eu fosse um Aluísio de Azevedo, fico grato pela comparação, quem sabe um dia chego lá...

rsrsrsrs...

Beijos às três...

:P...

Ju. disse...

"...O amor morreu de esquecimento e o desejo momentâneo ganhou na justiça o direito de se chamar paixão..." amei isso que você disse, muita verdade!

aah, quem sabe você não vira mesmo um "Giovan de Azevedo" rs, agora por favor né.. se for escrever um livro, com menos pegação.. porque o cortiço, meu pai, era um tal de fulano trair beltrana com siclana que me assustava rs.

Beijos

Gabriela Marques disse...

Muito legal seus textos, li alguns e gostei muito de todos =)
Acho que todos nós (ou a maioria) escreve seus versos mas nem todos mostram ao mundo, tbm tenho os meus 'rabiscos' que eu guardo, e com o tempo 'esqueço' e quando me lembro eu releio e me lembro do momento em que escrevi.. =)
Nuito bom seu blog, estou te seguindo!
Beijos =*

Gaspar Ferreira disse...

Juuh...

Quando sair o livro lhe aviso, e pode deixar que cuidarei muito bem dele...

rsrsrs...

Gabriela...

Seja muito bem vinda. Obrigado pelos elogios e volte sempre que quiser...

Beijos meninas...

Karen disse...

Nossa, eu ADOREI seu último comentário. O mais bonito, provavelmente. O que mais me falou no coração. Obrigada! :D
Beijos.