segunda-feira, 13 de abril de 2009

Saudações às 8 da noite...

[ I got lost in a blink of an eye and I can never get back, no I've never got back... (Yellowcard)]

Como de costume lá estava eu, encostando a um canto. Os fones de ouvido faziam Shinedown ecoar em minha cabeça. Não sei se era a música apropriada, pois não era um momento memorável. Ainda não detinha uma grande lembrança. Talvez os ecos do rock combinassem com o cigarro que a mão esquerda segurava. A música ia tocando na velocidade inversa da brasa do cigarro. Infelizmente essa é uma fera que tenho de alimentar periodicamente. Dos meus poucos dezenove anos, alguns deles tiveram essa triste companhia.
Em muitas vezes isso era bom. Se é que se pode dizer que nisso há algo bom. Cá exponho uma de minhas feridas sem medo de retaliações. Um dos maiores erros que se pode cometer é negar o que é um fato verídico e irrevogável. Mas isso agora pouco é digno de menção. Mal sei a causa de aqui descrever esse mero coadjuvante. O certo é que estava eu recostado no meu canto. Estava no momento do intervalo entre as aulas dessa segunda à noite. Confesso que durante a primeira vacilei, as pálpebras pesaram e perdi alguns minutos de lição. A universidade às vezes também é chata, principalmente quando o cansaço interrompe meu solilóquio.
Cá já dou mais voltas e fujo do assunto que aqui me traz. Agora sim posso retomar a cena e descrevê-la nessas futuras linhas. Havia eu, meus fones de ouvido pulsando descompassados, meu cigarro que já estava quase no fim. Foi quando a música terminou e, repentinamente, Idlewild surge para dar tons mais leves aos pensamentos. O cigarro acaba. Em uma contração de dedos o arremesso para longe, onde ele poderia findar sua momentânea vida em paz. Quando pensei, minhas mãos já estavam no bolso. A vontade já estava saciada, eu não precisava de mais um bastonete de nicotina.
Tirei as mãos do bolso, respirei fundo. Ergui minha fronte, pois até esse momento eu fitava o chão, me concentrando na melodia ouvida, deixando os pensamentos livres, a voar. Foi quando ergui os olhos, e dentre aquelas dezenas de olhares, um foi de encontro ao meu. Minha cabeça girou lentamente. De longe veio um sorriso que cortou o ar como uma flecha e me acertou o ombro. Ficou ali por uns instantes, fazendo alguns comentários até que sua dona se aproximasse um pouco mais.
- Sabia que é feio fumar?

- Sei sim. Infelizmente o que não sei ainda é deixar de fazer isso.

- O que você está ouvindo?

- Desculpe, esqueci de tirar os fones. Me faltou um pouco de educação.

- Tudo bem, desde que seja boa música.

- Creio que sim, ao menos merece ser ouvida. Quer ouvir?

- Não posso, estou atrasada para minha aula. Tenho que ir, até mais.

Cena digna de Hollywood, daquelas em que o rapaz encontra a moça pela primeira vez. Infelizmente as palavras usadas foram indignas da cena. Nessas horas tenho vontade de me esconder, as palavras me fogem como gotas de água por entre os dedos. Mais pareço bobo de uma corte medieval do que orador da antiguidade. Fosse eu descendente de Cícero... Ela virou as costas, ia calmamente quando uma interjeição rompeu nosso silêncio.

- Desculpe, me esqueci de perguntar seu nome.

- Amanhã lhe digo – e se foi, rindo ao vento.

5 comentários:

messy disse...

Sempre engenhoso (:

--

Prémio pra tu lá no sítio de eu ;) ;) *

Gaspar Ferreira disse...

Muito obrigado...

Anônimo disse...

Seu blog é d+!!!!

Letícia* disse...

Oi Giovan :), ainda não tinha tido a oportunidade de visitar o teu blog e agora que vim fiquei impressionada com a maneira como escreves e como descreve-te esse simples momento. Eu não sou tão habilidosa com as palavras como tu, gostava de o ser :). Continua a escrever :), beijinho grande.

Ju. disse...

Incrivel. rs
Fumar é realmente feio.

E você é apenas UM ANO mais "maduro" que eu.
Brigada pelos elogios ao meu blog.
Fiquei impressionada com o modo como você escreve.

aah, visita retribuida.