sábado, 1 de novembro de 2008

(explosão)...

[Um coração nesse furacão, ilhado onde estiver. O meu querer é complicado demais. Quero o que não se pode explicar aos normais... (Catedral)]


Era sono. Alucinações sob o travesseiro. Era vento forte na janela. Eram pálpebras pesadas pedindo para serem lacradas por algumas horas. Era cansaço de um dia agitado. Era mundo girando. Era qualquer coisa menos levantar-me. Era falta de forças para erguer-me da cama. Estava cômodo demais apenas ficar ali. Deitado. Esquecer do que haveria no amanhã. Era desânimo antes de um desejo de boa noite.
Foi resposta. Foi pergunta. E novamente resposta. Foi movimento brusco. Foram olhos abrindo abruptamente. Foram mãos procurando os objetos pessoais. Foi saída. Foi telefonema. Foi encontro. Foi olá. Foi novamente pergunta. Foi novamente resposta. Foi indagação. Foi saída sem rumo. Rumo sem destino. Foram boas-vindas a forasteiro. Foi beijo. Foi sonho realizando-se.
Foi sonho há muito sonhado. Foi riso a revelar tal sonho. Foi riso a noite toda. Foi riso bobo. Foi riso incontrolável. Foi perder-se meio ao inesperado. Foi entregar-se a admirável beleza. Foi entregar-se em mãos suaves.
Era mão que acariciava. Era boca próxima uma da outra. Eram olhos nos olhos. Eram olhos fechados. Era alegria incontida nas palavras. Era alegria incontida nos gestos. Eram gestos calmos.
Foi noite calma. Foi noite tranquila. Foi noite serena. Foi noite divertida. Foi noite perfeita. Foi perfeição sem lugar. Foi lugar em que abri os olhos e a vi. Foi visão esplêndida de graciosidade. Foi graciosidade que despertou desejo. Foi desejo para que a noite não findasse.
Foram olhos abrindo-se pela manhã. Foi lembrança seguida de felicidade. Foi questionamento. Por um minuto pensei ter sido apenas sonho. Mas o contentamento em minha face dizia que não. Foi novamente desejo. Desejo extasiado de ter mais noites como essa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa..... lendo esse belíssimo texto, me deparo com uma enxurrada de memórias... memórias que estavam lá guardadinhas, quietas, mas não apagadas. Agora, lembro como se fosse ontem, me vêm tantos detalhes na memória: cheiros, gostos, risos....
Realmente Sr. Reticências, o ponto final é muito sem graça. Nada com as reticências, não é?