quarta-feira, 18 de março de 2009

Call me...


[Você só me fez mudar, mas depois mudou de mim. Você quer me biografar, mas não quer saber do fim... (Gram)]



E era só uma tarde comum... Tão comum quanto as demais da decorrente semana. Uma monotonia que se ata ao pulso e se beija em três nós. Aperta, entra na corrente sanguínea, dilacera, revive. Ao mesmo tempo em que solidifica uns pequenos vasos capilares dá também sinais de vida. Em meu indicador tenho a síntese do universo. A Vida e a Morte. Que bela estupidez minha achar que tudo que existe, que demorou uma eternidade para se construir, agora se prostra diante da ponta de um ínfimo dedo. Meu dedo! Sou obrigado a rasgar o ar próximo de mim com uma estridente gargalhada.
Brincar de Deus foi interessante, mesmo por apenas alguns segundos. Ser uma divindade! Dono de meu próprio futuro. Cá já falo de outra besteira. Doce ilusão! Mas de muitas ilusões é feita a vida. E se elas não se fazem presentes em alguns momentos de nossos dias, de nossas vidas, perde-se o sentido de sonhar. Em uma opinião indescritível que surge de vez em quando, acho inseparável a ilusão do sonho. Um faz parte do outro e pode morrer com a distância.
Meras vãs filosofias aqui não valem de nada. Com a estranha exceção caso alguém quiser testar minha consciência como um ser ocupando determinado espaço com uma determinada finalidade. Não sei onde estou, pois nada mais é concreto. Não sei para onde vou, o amanhã só me pertenceu por alguns segundos hoje, depois já não era mais meu. Não sei ao mesmo quem sou... Muitos passam toda a sua vida na tentativa de responder essa pergunta. Nem simples, nem difícil.
Não é a dificuldade, mas sim o paradoxo. Santo ou pecador? A cada momento a balança pende para um lado, atitudes somam mais algumas gramas aqui, outras ali. Sem falar das mudanças... Mudo a cada segundo. A cada respiração transformo meu eu em outro que não o da respiração passada. Os olhos mudam de lugar levando o pensamento de mãos dadas e lá vai mais uma respiração. Sei que é uma definição vaga, leviana e até sem sentido. Mas esse sou eu. Com qualquer tamanho de letra, com qualquer coisa para fazer ou ouvir. Sou eu e estou aqui, em algum lugar onde você poderá me encontrar se assim quiser.
E era só uma tarde comum...

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