segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ah, sim! Me lembro...


[Bring what's yours, I'll take what's mine and meet you on the other side, we'll leave a sun so anyone can find us. A better place, a sweeter time, we won't need any wings to fly. A place beyond the sun... (Shinedown)]


Sim, me lembro perfeitamente. Isso já havia ocorrido há dois anos. Lá estava eu, novamente, em uma terra que não era a minha, totalmente ausente. Não estava nem lá, muito menos aqui. Perdi-me no meio do caminho em ambas as vezes. Mas tive a oportunidade de pisar naquele solo novamente, de vê-lo novamente. Sentir o aroma que a terra exalava era no mínimo intrigante. A poeira que se erguia calava-se ao se aproximar. Os momentos eram inconstantes e os pensamentos, esses se encontravam longínquos, distantes das percepções alheias.
Como há dois anos, lá deixei um pedaço de mim. Deixei seis anos para trás, bem como algo recente que criou raízes profundas. Ainda não tenho certeza ao dizer qual dos dois foi mais doloroso. Mas por estranho que pareça, começo a sentir as conseqüências das escolhas que lá fiz. Felizmente, começo a não sentir saudade das coisas que lá deixei.
Santo ou pecador, pouco me importa. Nada está tão longe quando se pensa em coisa que não se deve. Elas estão ao meu alcance, mas não ouso tocá-las. Um único toque e todas as vontades sairão de minha boca e as atitudes outrora firmadas serão esquecidas em um piscar de olhos. Como há um tom de azul no céu que se tinge de fogo ao início e ao findar do dia fiz a promessa de enterrar meus fantasmas, exorcizar meus demônios. Ou livrava-me deles, ou eles consumiriam o pouco de consciência que me restava.
O suor escorreu por dentre os fios de cabelo e por todo o rosto, mas as covas paralisaram somente ao atingirem onze palmos de profundidade. Um serviço excessivo, porém feito do modo pretendido. Confesso que não foi cansativo cavar, não foi difícil sair da cova, não foi complicado arremessar para dentro dela meus pesares, nada disso foi doloroso. O momento verdadeiramente deprimente foi sentir a alegria tomar-me por completo com o ato concluído e perceber que essa alegria poderia ter vindo antecipadamente já há muito.
Mas arrependimentos devem ser passageiros, pois corroem a durabilidade das outras sensações. Não se deve deixar espaços para eles. Milímetros viram terra fértil em suas mãos. Por esse motivo, me lembrarei eternamente. Me lembrarei de esquecer, antes mesmo de lembrar.

Nenhum comentário: